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Catherine - Análise

Anunciado em 2009 pela Atlus, Catherine chamou a atenção da mídia por ser feito pelo mesmo time que havia entregado Persona 3 e 4 na geração anterior, além de toda a saga Shin Megami Tensei, jogos extremamente cultuados. A medida que detalhes do jogo iam sendo revelados, entretanto, muitos jogadores acabaram por estranhar a bizarra aventura de Vincent Brooks - fazendo com que Catherine caísse no mundo dos jogos incríveis mas pouco famosos, sendo adorado somente por uma pouca parcela de pessoas que deram a ele o status de cult.

Nome: Catherine
Desenvolvedora: Atlus
Data de lançamento: JP 17/02/2011, AN 26/07/2011
EU 10/2/2012
Classificação: JP R, EUA T, 15+
Midia: Fisica e Digital
Plataformas: PS3 e X360




   Meu contato com esse jogo foi por volta de dois anos atrás. Já havia pensado em fazer uma análise diversas vezes mas sempre acabava encontrando algo que me chamava a atenção e fazia com que eu esperasse um pouco mais antes de escrever. Agora, dois anos depois, algumas centenas de horas gastas, e total satisfação por superar os desafios impostos, venho escrever/analisar/relatar minha experiência.
Como dizem que a primeira impressão é tudo, Catherine logo me conquistou pela capa. Já não bastasse o histórico de sucesso do time de desenvolvimento, a capa de Catherine foi o toque final que me fez comprar a obra. Diferente, única, ousada de certa forma e totalmente misteriosa, temos algo que revela bastante e ao mesmo tempo não revela nada. Uma garota loira, ovelhas, travesseiros e um símbolo estranho.

   Já não bastava a capa, ao começarmos o jogo somos apresentados a tela inicial que além de representar muito bem os eventos do jogo (embora nesse momento o jogador não entenda nada) ainda é divertida e tão diferente quanto a capa. Além disso é o primeiro contato que temos com a arte e estilo gráfico cel shaded do jogo que é um dos mais impressionantes que já vi.

Desconsiderando os outros modos de jogo (por enquanto), vamos direto ao modo história, o Golden Playhouse, que na realidade nada mais é que um canal de televisão onde a apresentadora Trisha "the Midnight Venus" conta uma história sobre uma lenda urbana que diz que homens que traem suas mulheres são amaldiçoados. Novamente se o estilo gráfico tinha impressionado na tela de título, nesse ponto ele tinha conseguido me deixar de boca aberta. A combinação entre o cel shaded perfeito e o estilo gótico/obscuro proposto pelo jogo combinou perfeitamente, criando um ambiente incrível.

   Vincent é o protagonista do jogo. Um homem de 32 anos de idade que trabalha como programador e mora sozinho, de forma independente da sua família, mas  atordoado por seu casamento iminente. Sem ambição sobre amor ou romances ele está sendo pressionado a se casar com Katherine, garota com a qual ele mantém uma relação estável desde a época do colegial, mas não quer abrir mão dos confortos da sua vidinha simples e solitária.
A historia é contada em três jogabilidades distintas, a primeira é única e chamada de "Pesadelos", a segunda é o "Drama" e a terceira o "Stray Sheep". Logo no começo somos jogados direto para o primeiro pesadelo onde aprendemos os tutoriais de escalada. O modo pesadelo consiste em escalar uma torre de blocos que se desmontam com o tempo, até se atingir o topo. Cada pesadelo é composto de em media três torres com intervalos entre elas, onde Vincent pode interagir com os outros personagens e responder
sempre a uma pergunta no confessionário. Os outros personagens, alias, são ovelhas que com o tempo o jogador acaba percebendo que possuem algo em comum com as pessoas que Vincent encontra em sua vida real, o que se torna uma atividade bem divertida identificar cada um e escutar as conversas. Catherine é o tipo de jogo que para ser aproveitado ao máximo requer um bom entendimento de inglês, seja para entender a história e as conversas, seja para prosseguir da forma desejada entre as perguntas feitas. Além das ovelhas que permitem conversas elaboradas com perguntas e respostas opcionais realizadas pelo jogador, a cada torre você também deve responder uma pergunta principal dentro do confessionário, sendo que logo após o jogo nos mostra um placar mundial com as estatísticas de quantos jogadores responderam cada opção.
As perguntas influenciam diretamente em um sistema carmico que define Vincent como um personagem "Bom"ou "Mal" e determina diretamente quais dos diferentes finais do jogo podem ser acessados. A jogabilidade de escalada é única e dependendo da dificuldade escolhida é extremamente complexa. Os blocos podem ser puxados e empurrados além de possuírem (ou não possuírem nenhuma) física própria, o que cria a possibilidade de diversos "triks" ou jogadas/estratégias de escalada que permitem chegar cada vez mais alto. As próprias ovelhas no jogo discutem estratégias, além de jogadores mais assíduos do modo Babel (o qual irei falar depois) também discutirem em foruns e afins os métodos possíveis. Após enfrentarmos as torres iniciais e o primeiro chefe, que além de bizarro é completamente maluco, algo digno da Atlus, acordamos no mundo real vendo uma cena em anime e introduzindo a vida de Vincent fora dos pesadelos. Esse é o modo "Drama", que ocorre sempre ao acordar ou dormir. Cenas em anime ou pré-renderizadas usando a engine do jogo mostram a vida de Vincent e vez ou outra permitem a realização de escolhas que tem impacto real no desenvolvimento da história. Nossa primeira cena nos apresenta Katherine, a namorada/noiva de Vincent e que demonstra ter um temperamento forte e direto.



Katherine McBride é uma mulher de 32 anos que trabalha como gerente em uma empresa de moda. Ela e Vincent vieram da mesma cidade, estudaram na escola, e alguns anos depois após um encontro de estudantes eles acabaram juntos. Foi ela quem sugeriu a ideia de casamento para o Vincent, posteriormente pressionando ele com a novidade de que ela possivelmente estaria grávida. Ela é a garota na capa da versão X360 do jogo.
A primeira cena demonstra um pouco mais dos detalhes gráficos de perto, mantendo o padrão de qualidade e dando uma personalidade característica para cada personagem. As reações caricatas e exageradas de Vincent e o ar frio e direto de Katherine ficam muito bem representados sem sair da lógica proposta ou criar uma situação cômica. Sempre que Vincent se encontra em uma situação moral complicada a barra de carma é exibida como forma de pressionar o jogador e mostrar em qual nível de bondade/maldade o jogador está.

Após sermos introduzidos ao modo Drama acabamos indo parar finalmente no Stray Sheep, que é
onde a "ação" acontece na vida real. O bar possui um estilo obscuro característico do jogo, além de várias referências a jogos antigos da Atlus, como o boneco do Teddie no balcão e o símbolo de Gekkoukan nas paredes. Aqui nós podemos beber, podemos comer e principalmente podemos conversar. Lembra das ovelhas que encontramos nos pesadelos? Todas elas são pessoas que frequentam o Stray Sheep e, apesar de nenhuma delas se lembrar dos sonhos, as conversas são confusas e interessantes pois todos tem a sensação de conhecer um ao outro. Conversar com os clientes é uma parte essencial da história e deve ser levada a sério. Além das conversas, Vincent também recebe diversas mensagens de texto de garotas, fotos ou ligações que podem ser respondidas de varias formas afetando a barra carmica. O jogador é livre para andar e explorar o lugar, desbloquear discos para mudar a musica da jukebox e explorar outro minigame presente em Catherine, o Rapunzel, que nada mais é do que uma versão resumida e com número de movimentos limitados das torres escaladas nos pesadelos. Rapunzel serve para desenvolver e testar novas estratégias, além de ter uma pequena historia própria que conta até mesmo com um código secreto para a liberação de níveis bônus como qualquer boa máquina de arcade antiga.

É ao final da primeira noite que conhecemos Catherine, uma misteriosa garota de 22 anos com um corpo sexy e ar sedutor que imediatamente chama a atenção de Vincent (no momento bêbado depois de alguns bons copos das diversas bebidas disponíveis). Imediatamente o protagonista identifica ela como o tipo de garota que é o "tipo dele" e ambos acabam passando a noite juntos logo no primeiro encontro. É a partir desse ponto que Vincent é pego na maldição e se torna refém dos sonhos que o prendem todas as noites, até que chegue ao alto da torre. Ela é a garota na capa de PS3 do jogo.

 

A partir desse ponto o jogo entra em um ciclo. Passamos pelos pesadelos a noite, acordamos para o drama e acabamos no Stray Sheep. A cada dia os pesadelos se tornam piores e mais perigosos, apresentando novos tipos de blocos, dificuldades maiores e técnicas mais elaboradas. Pessoas começam a aparecer mortas na realidade em decorrência da morte no sonho e a lenda da maldição se espalha cada vez mais, dizendo que somente quem chegar ao topo da última torre vai se livrar dos pesadelos e ganhar um prêmio. As decisões de Vincent essencialmente representam uma escolha entre Katherine e Catherine, a "boa" e a "má", a primeira representando a estabilidade da vida e o compromisso enquanto a outra representa a rebeldia e o aproveitamento do momento vivido sem a preocupação com o futuro. Com oito finais disponíveis divididos entre três finais verdadeiros, dois ruins e três bons, as escolhas do jogador definem qual será visto, e para acessar outro final basicamente e necessário jogar todo o jogo novamente. A Atlus pensou bem nesse fator de replay pois se você tiver conseguido o troféu de ouro na escalada de cada dia você pode pular aquela torre nos gameplays seguintes ao primeiro, permitindo que somente a parte da história seja jogada com escolhas diferentes agora.


 Não vou dar spoilers aqui, mas a trama que começa com o simples caso de um homem  que traiu sua namorada acaba se desenvolvendo em algo digno dos Personas e Shin Megami Tensei da Atlus, com personagens psicodélicos, revelações sobrenaturais e detalhes ocultos espalhados pela história.
Divertido, único, interessante e curioso, o Golden Playhouse e a Midnight Venus irão te entreter por longas horas na vida de Vincent em busca de todas as possibilidades possíveis e talvez aprendendo algumas lições de vida sobre traição.

Agora, se você já fechou o jogo e ganhou todos os troféus/conquistas possíveis do modo história... bem vindo ao Babel, outro modo de jogo presente no menu principal também apresentado pela Midnight Venus.

Babel consiste em  quatro torres que podem ser jogadas por uma ou duas pessoas, mas que diferentes das torres fixas do jogo são geradas aleatoriamente. Enquanto no modo história as fases são fixas, sendo possível observar gameplays na internet que ajudam a passar desafios (e acredite, eu mesmo acabei vendo alguns), Babel é para os jogadores hardcore que realmente querem aprender as mecânicas do jogo e os triks possíveis para realizar as escaladas gigantescas - que chegam a durar ate uma hora e então serem premiados com o nome no placar mundial. Altarm, Menhir, Obelisk e Axis Mundi são as quatro torres e estão organizadas da mais fácil para a mais difícil (e mais alta). O modo de jogo pode ser divertido para alguns e frustrante para outros. Jogar por quase uma hora, cair e ter que começar novamente pode ser uma experiência traumatizante quando repetida mais de 20 vezes antes de se alcançar o objetivo (e descobrir que o seu tempo foi péssimo em relação aos asiáticos viciados que milagrosamente conseguem escaladas perfeitas em tempo extremamente curtos), mas é exatamente o desafio e o mérito que incentivam o jogador a continuar tentando melhorar e se tornar uma ovelha escaladora profissional.

Posso afirmar que Catherine entra facilmente na minha lista de jogos preferidos e se você gosta de uma historia diferente, algo inovador e fora do comum, é uma escolha certa para se jogar. Só não se esqueça de uma coisa... homens que traem suas mulheres são amaldiçoados e então, se você cair...


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