Como vai a vida? O de sempre, fora uma coisa... Resolvi fazer uma tatuagem. Uhum. Essa aqui, ó. Porque ela significa algo para mim. Digamos que eu a tenho como uma sentença de morte... E calma, não me olhe deste jeito, não é algo assim tão ruim. Ora "como não?"... Pois saiba que uma sentença de morte é uma afirmação – e das mais santas: a de que eu vivi! A de que como raros eu consegui fazer as coisas chegarem a este ponto e ainda ir além.
Nós somos frágeis, estamos fadados
ao fim, bem como deve ser certo o esquecimento. E quando conseguimos perceber é
isto o que dá sentido a vida. Porém eu trouxe aqui, para o bem ou para o mal, o
horror do inevitável; eu me deixei ser instrumento de gélidas Mãos Inexoráveis,
marquei meu talho na impassível face lívida do Inadmissível... Para que diante
do seu fim lembrem-se todos de mim – para que diante de mim lembrem-se todos do
seu fim.
Vocês são frágeis, estão fadados
ao fim, bem como lhes deve ser certo o esquecimento. Fui eu quem primeiro lhes
percebi a falta de sentido da vida, perdidos em meio a campos de concreto como
uma mancha cromática... E por isso a sentença de morte me foi dada, ainda que
aqui sejam vocês os condenados: entre os homens a santa afirmação de que
enquanto definham eu vivi!
A marca que desde então trarei
sempre comigo, meu caro; a minha carne um dia será a prova de um crime muito
maior que o cometido por qualquer homem sozinho, talvez setenta vezes sete
maior que os causados por uns sete homens distintos; a última peça para
elucidar o mistério de relíquias aos pés de algo até então incompreensível: se
não se consegue mudar o destino continuar sempre tentando é já estar destinado
e rendido ao obsoleto. Não importa o quanto se tente mudar, nem o macabro
transmigrar de toda uma consciência nem o inútil transfigurar de toda uma raça
em Híbridos de Aço. Não há nada que se possa fazer, a carne há mesmo de
perecer. A nitescência é inevitável... E sobre ela uma aurora negra há de se
erigir.
Por fim, aos Híbridos de Aço,
frágeis e fadados ao fim, lhes é certo o esquecimento de se tornarem meras
relíquias aos pés do cúmulo de suas intenções... É tudo o que há de sobrar
diante da Criação Mecânica de um Deus, o último esforço de se tentar mudar tudo
– nem que para isso seja preciso destruir; vir ao mundo para conquistar e
destruir a Máquina do Juízo Final.
Mas no fim não adianta. Jamais
adiantou. Nem adiantará. Não adianta crer que o significado da vida está na
morte, e muito menos na morte de outro. Não adianta, pois uma sentença de morte
não há de resguardar ou extender a vida, uma sentença de morte só há de me
tornar o indício de que se pode ir além; a santa afirmação de que perante a
morte do homem, eu vivi! Mesmo sob um céu ébano a santa afirmação de que é não
basta estar vivo, é preciso viver: NOT
COLD ENOUGH – TOO HUMAN!
04 de janeiro
de 2014 - 14h22min
João Pessoa -
Paraíba - Brasil
Inspirado nas músicas Hybrides of Steal + Mechanic God
Creation, da banda sueca de melodic death
metal Arch Enemy
Adolfo J. de Lima.
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