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Playlist N.1: Guerra (Parte I)

Essa publicação aqui, meus caros, vai para quem gosta muito de um bom som ao mesmo passo que "minimamente" também goste de se debruçar sobre as letras, e não meramente as acompanhar junto à musica pelos www.sirilampo.com.br da vida. E comecei isto aqui por algo até bobo: ter percebido que algumas músicas na memória do smartphone abordam temas em comum, ainda que de formas diferentes... Sem mais delongas, vamos parte a parte abrir cada vez mais os olhos e os ouvidos para uma breve apresentação seguida de análise, ou resumo, de elementos que mais (me) chamam a atenção nestas músicas, neste primeiro texto se fazendo um tímida introdução – cuja primeira temática será GUERRA.


Masters of War - Bob Dylan
Para começar, e até para justificar a escolha do tema, eu gostaria do grande Bob Dylan e a música Masters of War que inclusive foi tema de questão no ENEM. Lançada no álbum The Freewheelin' Bob Dylan de 1963, esta música se consagra um dos grandes clássicos como um protesto à grande corrida armamentista que se intensificou àquela década da Guerra Fria - um embate que durou quase meio século entre E.U.A. e União Soviética, ao término da Segunda Grande Guerra, e que sobretudo foi muito mais econômico e político que uma guerra em si, o que em nada diminui as sequelas que até hoje perduram na forma como o fundo se organiza e cria paradigmas sobre si mesmo – às vezes perversos, às vezes nem tanto.


Segundo o historiador Nat Hentoff, tal o próprio Dylan disse essa música é diferente de tudo o que o próprio já havia criado antes: "Eu nunca escrevi nada como essa música antes. Eu não canto músicas onde espero que pessoas vão morrer, mas eu não pude me controlar com essa. Esta música é como uma espécie de descarga... um sentimento de 'o que é que eu posso fazer?'"

E acerca da letra desta música, se poderia ir além e dizer que ela é o grande choque entre aqueles que assistem às guerras que criaram detrás de suas mesas e aqueles que viveram na pele a desconfiança, a insegurança, o medo; entre os Mestres da Guerra e aqueles que serão tachados como sendo jovens demais ou ignorantes demais para falarem em mudança, mas que sabem que nem mesmo Jesus perdoaria o que eles fizeram...

Por fim, uma música extremamente atual no que diz respeito não só ao tema em si, que se perpetra mesmo mais d 50 anos depois, mas à sua abordagem, magistral tal não seria diferente vindo de Bob Dylan; uma música que apesar da sonoridade não demonstrar tanto peso (algo que varia no decorrer desta playlist), tem uma letra extremamente dura, que vai tomando rumo em direção a um encerramento muito mais sinistro que fúnebre: nas palavras quase que a personificação do cúmulo de todo o mal que houve às vítimas dos jogos políticos internacionais e suas respectivas guerras, suas últimas "grandes cartadas"... Apostas sem escrúpulos com as fichas que não são suas: seria menos que isso a guerra?


Brothers in Arms - The Northern Kings (Dire Straits cover)
Originalmente lançada em 1985 no álbum homônimo do Dire Straits, banda britânica (muito infelizmente) já extinta, Brothers in Arms fez parte de uma obra que não só entrou para os 200 álbuns definitivos do Rock and Roll Hall Fame, mas que marcou a história da fonografia mundial devido ao pioneirismo de uma produção totalmente digital. Porém não é a versão original deste hino que eu trago aqui, mas o impecável cover feito pelos The Northern Kings.

Apesar do projeto deste verdadeiro super-grupo de músicos não ser assim tão conhecido quanto merece, tendo lançado somente dois álbuns nos anos de 2007 e 2008 e o rumor de um terceiro registro, ele é composto por quatro grandes nomes de peso na cena do Symphonic Metal internacional:
Jarkko Ahola (Teräsbetoni, ex-Dreamtale), Marco Hietala (Nightwish e Tarot), Tony Kakko (Sonata Arctica) e Juha-Pekka Leppäluoto (Charon). Acerca do projeto deste nórdicos da terra do fogo e do gelo conhecida atualmente como Finlândia, o foco era trazer grandes canções pop de artistas conhecidos e reconhecidos (Tina Turner e Seul, por exemplo) para o lado do metal.

Voltando a música, Brothers in Arms, longe da original mas para o bem, é trazida pelos 4 nórdicos numa sonoridade que da primeira versão mantém "só" a essência e a melodia: digo para o bem pois aqui a sua mensagem e efeito são sem dúvidas amplificados e sem distorções, a música soa grandiosa e cinematográfica em seus 7 minutos de pura contemplação que poderiam muito tranquilamente ir parar numa das produções de Spielberg, ou qualquer outro cineasta com grandes obras sobre guerras no currículo. No início vem crescendo aos poucos em sua percussão com ritmo de desfile nostálgico e patriótico, com uns primeiros versos que, apoiados por uma orquestra ao fundo nesta versão, evoca bem uma sensação de saudosismo sublime sobre onde seria o verdadeiro lar de quem luta: no campo de batalha onde se acredita que foi feito para aquilo, ou nas planícies e campos pelos quais todos ali se matam.

Sobre porquê trouxe esta música junto as outras é simples: com a diferença de que talvez mais que as outras, esta faixa é para se ouvir com o espírito; um hino sobre a falta de misericórdia da guerra, sobre a falta de sensibilidade consigo mesma... Sobre a falta de sentido onde uns matam os outros pelas mesmas razões, contra a própria vontade, e por mundos mesmo tão diferentes na verdade são um só. Lamúria acerca da dor, mas pro despeito da própria dor que causa a guerra.

Por fim, cantada por vozes no mínimo muito marcantes mas sempre harmoniosas entre si, uma canção sobre o batismo de fogo que põe todos os homens iguais perante os outros todos Irmãos de Armas. Uma canção sob a perspectiva até perplexa de um homem que parou para contemplar ali o caos, uma elegia perspicaz que se faz soar inspiradora como uma ode... Onde se matam Irmãos de Armas.

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