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Meu pequeno mito da criação


MEU PEQUENO MITO DA CRIAÇÃO


Às filhas que, por ventura, eu tiver; escrito às pernas de quem, hoje, lhes quero como mãe


Capítulo I
Partiu-se, então, da lua a casca de mármore
E derramou-se sobre o nada o tudo
-- Tudo aquilo do que se estava cheio.
Do alto as lascas caídas tornaram-se árvores
A preencher a vastidão do desnudo,
De sardas enchendo de Gaia o seio.


Alta, porém partida, a lua pairava
E espalhava-se a sua clara safira
E sob si porções de sua alva gema --
Por entre as quais a ave primeva voava
E os céus todos com suas cores tingira,
Profusas feito são da opala à gema.


E às alturas as cores profusas
Corriam... Porém tudo o que corre cansa
E a respiração se torna mais funda --
As cores pareciam loucas, confusas,
Mas logo elas se tornaram mais mansas
E se tornaram as cores profundas.


Tudo o que no céu parava decaía,
E tanto mais denso quanto mais parado.
Quando as cores pairavam eram bruma
Que no seu movimento suave se ia...
E então tendo elas tanto despencado
Misturavam-se e viravam espuma.


Tudo o que se move tende a parar.
E tudo o que parou há de se mover.
Muitas cores queriam tornar aos lares.
E ali cada cor começou a chorar
No esforço de entre todas se mover.
E então, tantos tons, criaram-se os mares.


Outubro de 2014
João Pessoa - Paraíba - Brasil


Adolfo J. de Lima

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